sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Wando - Senhorita


                Vanderley Alves dos Reis, mais conhecido pelo público brasileiro como "Wando", foi um famoso cantor e compositor brasileiro, chamado também popularmente como "O Rei das Calcinhas".
                Wando nasceu em 2 de outubro de 1945 em um arraial chamado "Bom Jardim" no estado de Minas Gerais.
                Lá, ficava a fazenda que teria pertencido aos seus avós.
                Seu registro, no entanto, foi feito na cidade de Cajuri, no mesmo estado.
                Wando contou que, ainda criança, mudou-se para Juiz de Fora (MG), onde concluiu o antigo primário.
                Mais tarde, ele foi para Volta Redonda (RJ), onde trabalhou como entregador de leite em residências, entregador de jornais, feirante e até caminhoneiro.
                Na mesma época, passou a se interessar por música, tendo inicialmente se dedicado ao estudo do “violão clássico”.
                Nessa fase de sua vida, Wando descobriu que não era interessante o estilo de "violão clássico", pois ele queria fazer músicas para as mulheres, e em seu entender, esse estilo musical fazia com que elas ficassem "entedeadas".
                Wando então descobriu sua verdadeira vocação musical, a de criar músicas "românticas" direcionadas especificamente para as mulheres.
                Após deixar a profissão de feirante, Wando mudou-se para Congonhas, no estado de Minas Gerais.
                Lá, começou a “viver de música”, como integrante de um conjunto chamado “Escaravelhos” – “escaravelho pra quem não sabe, é um besouro, a mesma coisa que Beatles”.
                Cinco anos mais tarde, decidiu tentar a sorte no “eixo Rio de Janeiro – São Paulo”.
                Frustrada a passagem pelo Rio, chegou a São Paulo, onde teve gravado seu primeiro sucesso, na voz de Jair Rodrigues.
                A composição, “O importante é ser fevereiro”, teria sido “uma música muito tocada no carnaval de 1974”, lembrou-se Wando.
                A canção integra o disco de estreia de Wando, “Gloria a Deus e samba na Terra” (1973).
                De acordo com Wando, aquele trabalho seguia a linha “do formato do Caetano Veloso, do Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil”.
                A guinada em direção ao repertório romântico foi simbolizada pela música “Moça”, do disco seguinte, “Wando” (1975).
                A justificativa: “Cantando na noite em São Paulo, eu descobri que a parte feminina adorava quando eu tocava músicas românticas.”
                Ao longo da década seguinte, Wando consolidaria a reputação, como ele mesmo lista, de “obsceno, o cara da maçã, o cara da calcinha”.
                É desse período, quando o cantor já vivia no Rio de Janeiro, sua música mais conhecida, “Fogo e paixão”, do disco “O mundo romântico de Wando” (1988), o 14º da carreira, segundo a contagem do site oficial.
                Ele foi precedido por trabalhos como “Gosto de maçã” (1978), “Gazela” (1979), “Fantasia noturna” (1982), “Vulgar e comum é não morrer de amor” (1985) e “Ui – Wando paixão” (1986).
                Na sequência, viriam, dentre outros, “Obsceno” (1988), “Depois da cama” (1992) e “O ponto G da história” (1996).
                Entre álbuns de estúdio e registros ao vivo, o site de Wando contabiliza 28 trabalhos, ao todo.
                O cantor acreditava ter vendido dez milhões de discos – “até na época que a gente contava”.
                “Depois [houve] a história da pirataria, que acabou me fazendo muito mais popular.
                Eu acho que a pirataria é ruim para um lado, para o lado compositor, mas para o lado intérprete, o cara que faz show, eu acho que ela favoreceu muito.”
                Em entrevista à Agência Estado, em 2007, Wando comentou sua imagem de “sedutor”:
                “Na verdade, eu sou como um ator. Até porque eu estaria morto hoje se fosse mesmo assim.
                Isso é um personagem, naturalmente.
                É normal que as pessoas pensem que eu sou desse jeito, mas não deixo que as pessoas alimentem muito essa imagem”.
                Sobre a fama de brega, ele respondeu que incomodou e seguia incomodando.
                “Quando as pessoas falam de brega, sempre se referem a uma coisa ruim.
                Então eu brigo por isso.
                Agora, eles até quiseram colocar o brega como uma coisa bacana, mas eu acho que é uma forma de pedir desculpa, e isso é mau.
                Se for ver, você tem que chamar o Chico Buarque de brega, a Maria Bethânia, o Caetano Veloso e o Gilberto Gil dessa forma também.
                Eles gravaram as músicas que a gente grava.
                Eles gravam melhor? Não. Isso foi uma coisa cruel que eles fizeram.”
                Na entrevista, Wando também comentava a música “Emoções”, gravada em 1978, que ele dizia versar sobre a relação entre dois homens:
                “Fiz isso porque acho que o relacionamento masculino é uma coisa válida.
                Não por ter aderido, mas porque eu tenho amigos que vivem esse tipo de coisa”.
                Recentemente, o nome de Wando vinha sendo lembrado graças ao documentário “Vou rifar meu coração”, de Ana Rieper, que fez parte de principais festivais de cinema do país em determinada época.
                Há pouco tempo, teve boa recepção na Mostra de Cinema de Tiradentes, encerrada no último dia 28.
                O filme trata justamente da música tida como “brega” e traz depoimentos de cantores como Amado Batista, Nelson Ned, Agnaldo Timóteo, Peninha, além de Wando e de ouvintes que contam suas histórias com obras do “gênero”.

                Curiosidade:
                O Rei das Calcinhas:
                Em entrevista cedida por Wando, ele contou como começou a "história das calcinhas":
                [Eu fiz um disco em 1987 de nome "Tenda dos Prazeres".
                Sempre gostei muito dessa coisa de mídia.
                Acho que é a única forma de você mover o mundo e alertar as pessoas.
                Sempre achei que as capas de discos eram muito parecidas umas com as outras, então precisava de alguma coisa que chamasse a atenção e resolvi colocar uma calcinha na capa do disco.
                Por quê? Porque o disco se chamava ‘Tenda dos Prazeres’ e quando você olhava a calcinha na capa ficava realmente parecendo uma tenda. Coube perfeitamente.
                E isso para as agências de publicidade bateu como um canhão.
                “Pô, como esse cara foi pensar numa coisa tão simples se tratando de publicidade?”
                E transformou em uma mídia muito forte em todos os órgãos de comunicação e acabou virando uma moda.
                Aí comecei a distribuir algumas peças íntimas nos shows.
                Aí começou essa história de "calcinhas".
                As mulheres começaram a levar suas peças íntimas com telefone e recados de amor.
Começamos a fazer uma troca no show: eu dava uma calcinha que eu levava, e recebia outra.]
                Dessa forma, Wando viou "O Rei das Calcinhas", um carinhoso apelido que o público lhe deu, permanecendo até os seus últimos dias.

02/10/1945 - 07/02/2012

domingo, 11 de março de 2012

+ Moacir Franco

Moacir Franco - Eu nunca mais vou te esquecer


Moacir Franco - Ainda ontem chorei de saudade

sábado, 10 de março de 2012

Moacir Franco - Seu amor ainda é tudo




Moacyr de Oliveira Franco (Ituiutaba, 5 de outubro de 1936)

Começou sua carreira nos anos 60 no programa Praça da Alegria. Interpretando o personagem "Mendigo", emplacou um grande sucesso ao gravar a marchinha de carnaval "Me Dá Um Dinheiro Aí". Estourou com outras músicas, como Suave é a Noite (versão de Tender is the Night), "Pelé agradece", "E tu te vais" , "Pedagio" e Eu Nunca Mais Vou Te Esquecer. Sofreu um sério acidente automobilístico na década de 70, o que lhe prejudicou a carreira. Depois do sucesso que vivenciara na primeira metade da década de 70, nunca recuperou a imensa popularidade que tinha.
Desde então lançou vários discos (fez muito sucesso com a canção Balada número sete, homenagem ao grande jogador de futebol Mané Garrincha), além de trabalhar nas principais emissoras do país apresentando, produzindo, escrevendo e atuando em diversos programas. Continua a seguir paralelamente a carreira de cantor, apresentando-se por todo o Brasil.
Em 1978 explodiu em todo o país com o sucesso "Turbilhão" (A nossa vida é um carnaval...), música mais tocada no carnaval daquele ano.
Nas décadas de 80 e 90 compôs várias músicas no gênero sertanejo, que alcançaram os primeiros lugares nas paradas, tais como: "Dia de Formatura", com Nalva Aguiar, "Seu amor ainda é tudo", "Ainda ontem chorei de saudade" e "Se eu não puder te esquecer", com João Mineiro e Marciano.


P.S.: Gostaria de ter postado mais informações sobre o poeta e compositor Moacir Franco, no entanto pouco material foi encontrado na rede. Caso queirão acrescentar mais informações fiquem avontade

domingo, 4 de dezembro de 2011

Zé Ramalho - Cidadão

Zé Ramalho nasceu em 3 de outubro de 1949 em Brejo do Cruz/PB, filho de Estelita Torres Ramalho, uma professora do ensino fundamental, e Antônio de Pádua Pordeus Ramalho, um seresteiro. Morou em Brejo do Cruz até 1951 quando perdeu seu pai, que morreu afogado em um açude, e ai seu avô, José Alves Ramalho o pegou para criar, é dai que vem a pronúncia Avôhai (Avô e Pai), o próprio Zé nos fala que este nome lhe foi soprado por entidades extra-terrestres ou sensoriais 20 anos depois. Foi criado também por sua avó Soledade e suas tias, Maria Madalena, que foi também sua primeira professora,Inês, Terezinha (Tetê), Zélia e pelo tio Nonato Ramalho. Seu avô desde cedo o ensinou a amar os bichos e a natureza, a respeitar as pessoas e nunca passar por cima delas em hipótese alguma para poder atingir seu objetivos
Seu avô deu a todas as filhas formação superior e a seu neto lhe possibilitou que estudasse nos melhores colégios. Zé sempre gostou de estudar, e a partir do segundo grau é que começou a ter seus contatos musicais, primeiro com os violeiros da região, e familiarizado com os cordéis ele mesmo passou a compor músicas. E desde cedo ele gostou de literatura greco-romana, dai o fato de suas músicas serem sempre cheias de citações bíblicas e de mitos greco-romanos. Aprendeu com facilidade a escrever em decassílabos, dai começou a compor usando essa forma que é chamada de "Martelo Agalopado" pelos repentistas do Nordeste.

Assim que a família se estabeleceu em João Pessoa, ele participou de algumas apresentações de Jovem Guarda, sendo influenciado por Renato Barros, Leno e Lílian, Roberto Carlos & Erasmo Carlos, Golden Boys, The Rolling Stones, Pink Floyd e Bob Dylan.

Para alegria da familia, principalmente do Avôhai ele entra para a Faculdade de Medicina.
Em 1971 tem seu primeiro envolvimento de vez com as mulheres, seu nome era Ísis, com quem teve seu primeiro filho, ChristianGalvão Ramalho (1974). Porém este seu primeiro casamento não deu certo.

E pouco tempo depois ele também largou o seu curso de Medicina na Faculdade, o qual ele não levava jeito nenhum, pois quando via alguém machucado ficava muito nervoso, o que ficava muito difícil para o exercício da Medicina. Fato que magoou bastante o Avôhai, mas o mesmo não interferiu de jeito nenhum na escolha do neto pela carreira musical.

Em 1974, seu primeiro filho, Christian, nasceu.

Ainda em 1974 sai da Paraíba rumo à cidade maravilhosa com o intuito de engrenar de vez a sua carreira musical, levando a tiracolo uma seleção de músicas para gravar seu primeiro "acetato de mercúrio"

Lá fazia parte da banda de Alceu Valença também em inicio de carreira, com o show "Vou Danado pra Catende", na banda ele tocava viola, e neste show ele cantava uma composição de sua autoria (Jacarepaguá Blues)

E foi neste período que o Zé teve sua inicialização com as drogas, e em um destes seus shows havia consumido LSD, em sua "viagem" foi para o meio do palco fazer sua apresentação individual, e em vez de cantar a música que estava no roteiro (Jacarepaguá Blues), cantou outra música sua (Vila do Sossego), na hora houve muita confusão, os músicos não entenderam nada do que estava havendo, mas alguns ainda acompanharam e outros sairam do palco, e o público mesmo assim aplaudiu bastante a sua performance, mas só que Alceu Valença não gostou, e os dois discutiram no camarim, e na volta para o palco o Zé quebrou sua viola no palco, no meio do show, só que o público novamente aplaudiu pensando que fazia parte do show, e tal fato resultou no rompimento da parceria dos dois.
E um ano depois o Zé vai ao teatro assistir a outro show do Alceu (Espelho Cristalino), e para surpresa do Zé a primeira música do show é Vila do Sossego, o que lhe emocionou bastante, pois essa música fazia parte do roteiro do show.

També tocou na trilha sonora do filme Nordeste: Cordel, Repente e Canção, de Tânia Quaresma. Na época, passou a misturar as suas influências: de Rock and roll a forró. Um ano depois, gravou seu primeiro álbum, Paêbirú, com Lula Côrtes na gravadora Rozenblit. Hoje em dia, as cópias desse disco valem muito por serem raras.

Zé lança seu primeiro Disco (Paêbiru) juntamente com Lula Côrtes, Paulo Rafael, Geraldo Azevedo e Alceu Valença pela Gravadora Rozenblit da cidade do Recife com o selo Mocambo, onde toca vários instrumentos, o disco é dividido nos elementos, Água, Terra, Fogo e Ar. Este disco foi gravado em 2 canais e falava na Pedra do Ingá, um rochedo coberto de misteriosas e indecifrada inscrições. Este album nunca foi lançado comercialmente e a grande maioria das cópias foram engolidas pelas águas do Capibaribe na enchente de 1974.

Neste tempo a vida para ele era muito difícil, chegando mesmo a dormir na praça (literalmente) e trabalhava em uma gráfica.

Em 1976 participa de um Disco Compacto Simples (Réquiem para o Circo) onde ele declama um texto. Era com o Grupo Ave Viola do compositor paraibano Dida Fialho.

Em 1977, gravou seu primeiro álbum solo, Zé Ramalho. No próximo ano, seu segundo filho, Antônio Wilson, nasceu.

E neste mesmo ano ele assina contrato com a CBS e lança o disco com seu nome e o carro chefe deste disco é a música Avôhai que já era sucesso na voz de Vanusa.
Em 1978 ele ganha projeção nacional com o disco "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu", onde o carro chefe é a música Admirável Gado Novo. E neste mesmo ano ele conhece Amelinha com quem passa a viver maritalmente e ela grava o sucesso Frevo Mulher, os dois fazem uma turnê para divulgar o trabalho dos dois.

Com Amelinha tem dois filhos João Colares Ramalho e Maria Colares Ramalho.

Em 1979, veio o terceiro filho, João, fruto de sua relação com Amelinha, e também o segundo álbum, A Peleja do Diabo com o Dono do Céu. Mudou-se para Fortaleza em 1980, onde escreveu seu livro Carne de Pescoço. O terceiro álbum A Terceira Lâmina, foi lançado em 1981, ano em que nasceu sua primeira filha, Maria Maria; logo após, veio o quarto disco, Força Verde, em 1982.

Em 1982 lança o disco "Força Verde", um disco recheado de polêmicas, neste disco foi acusado de plágio do artista irlandês William Yeats. Na música Pepitas de Fogo ele diz que a inspiração veio da capa do disco de Pink Floyd, onde um homem carrega uma mala cheia de figuras, dai os versos "as figuras do mundo vão levar". Em Força Verde, a inspiração veio de uma revista de quadrinhos do "Incrivel Hulk". Alguns versos da música fazem parte da história contada pelos quadrinhos, mas ele nunca ia imaginar que os versos eram do poeta irlandês, fato pelo qual ele não deu créditos. Essa acusação não chegou a ser formal, pois os advogados da revista Marvel Comics se retrataram por não terem dados eles próprios os créditos devidos. A maior acusação veio da midia, neste tempo o apresentador de TV Flávio Cavalcanti, em um dos seus quadros chegou a quebrar o disco do Zé e jogando-o ao lixo disse: "Roubou, tem que pagar."

Mas uma acusação dessas abalou muito a vida e a sua carreira e neste mesmo tempo Amelinha o largou e ai ele se entregou de vez às drogas principalmente à cocaina, e com este vicio ele chegava a compor 3 músicas em seguida com a euforia da droga.
Zé só vai se levantar com a chegada em sua vida de Jorge Mautner, ele chega em seu apartamento e lhe diz que tem uma música que é a sua cara.

Logo ele se identifica com a música que foi feita para ele e ai começou o projeto de seu 5º disco que ia levar o nome da música do Jorge Mautner, era "seu quinto mar de sons, sonhos e poemas. O sono acabou".

Neste disco teve as parcerias de Maria Lúcia Godoy, Fágner, Robertinho do Recife, A Cor do Som, Osmar (Trio Dodô e Osmar) e Egberto Gismonti.
Mas apesar destes grandes nomes o disco não teve o sucesso esperado, tanto da critica como do público.

Em 1983, após o lançamento do quinto álbum, "Orquídea Negra", terminou sua relação com Amelinha e se mudou para o Rio de Janeiro. Depois de gravar "Por aquelas que foram bem amadas ou para não dizer que não falei de rock", no início do ano de 1984, passou a viver com Roberta Ramalho, com quem vive até hoje.

E em 1984 ele veio todo remoçado, mudou de estilo musical e de estilo visual, fez a barba e cortou os cabelos para lançar o disco "Pra não dizer que não Falei de Rock ou... Por aquelas que Foram bem Amadas", neste seu novo trabalho exalta o rock'n'roll anos 60. E novamente o disco não faz sucesso e muitos criticos e o grande público falava que o Zé tinha se rendido ao "sistema", pois diziam que ele tinha feito apenas músicas comerciais, o que de certa forma era mentira pois ele não fez nada disso, que o diga as músicas O Tolo na Colina em parceria com Erasmo Carlos e a música Dogmática que são puro protesto.
E em 1985 lança outro disco com o nome "De Gosto, de Água e de Amigos", que novamente não emplacou. Neste mesmo ano ele fez sucesso com a música Mistérios da Meia-Noite, da trilha sonora da novela da Globo (Roque Santeiro), esta música foi incluida na segunda tiragem do disco e em um LP duplo.

Em 1986 lança o disco "Opus Visionário", que vem recheado de misticismo, bem ao estilo do que conhecemos do Zé.

Em 1987 sai o disco "Décimas de um Cantador", último disco pela CBS, neste disco ele se revela um tanto cansado e o estranho é a capa, ela sai com seu nome como se fosse escrito com cocaina, e ela já amostrava no Zé, foram 6 anos de intenso consumo e ela já havia afetado a mucosa do nariz que sempre sangrava, fora as náuseas que eram constantes.
Até que um dia com o seu canudinho na mão ele lembrou da terrivel sensação que sentiria e concluiu que o êxtase causado por "ela" não valia a pena, e ai ele decidiu dá um basta. Ele não quis se internar em uma clinica de dependentes, e resolveu se tratar em casa mesmo juntamente com sua mulher Roberta, ficou cerca de um mês só tomando remédios e descansando, em sua pele já apareciam algumas feridas que eram conseqüências do sangue intoxicado, este tratamento foi muito doloroso para toda a familia. Neste retorno à vida ele deveu muito à Roberta que lhe deu muito apoio durante todo este periodo de desintoxicação. Roberta chegou em sua vida em 1980, prima de Amelinha e claro sua fã, ele lhe viu pela primeira vez em seu camarim logo após um show e logo ele a convida para conhecer a "cidade maravilhosa".

Quando Roberta Fontenele Ramalho entra de vez para a vida dele ela assume o posto de empresária do marido.

Em 1991, sua única irmã, Goretti, morreu. Ainda assim, gravou seu décimo primeiro álbum, Brasil Nordeste (que continha regravações de músicas típicas nordestinas) e voltou ao seus tempos de sucesso. A canção "Entre a Serpente e a Estrela" foi utilizada na trilha sonora da novela Pedra Sobre Pedra. Em 1992, teve seu quinto filho, José, (o primeiro com Roberta), fato que foi seguido pelo lançamento do álbum Frevoador. Em 1995, nasceu a segunda filha: Linda.

Em 1996, gravou o álbum ao vivo O Grande Encontro com Elba Ramalho e os famosos nomes da MPB Alceu Valença e Geraldo Azevedo. No mesmo ano, lançou o álbum Cidades e Lendas.

O sucesso de O Grande Encontro foi grande o suficiente pra que Zé Ramalho decidisse gravar uma nova versão de estúdio em 1997, desta vez sem Alceu Valença. O álbum vendeu mais de 300.000 cópias, recebendo os certificados ouro e platina.

Para celebrar seus vinte anos de carreira, lançou o CD Antologia Acústica. A gravadora Sony Music também lançou uma box set com três discos: um de raridades, um de duetos e um de sucessos. A escritora brasileira Luciane Alves lançou o livro Zé Ramalho – um

Visionário do século XX.
Antes do fim do milênio, um outro sucesso Admirável Gado Novo (primeiramente lançado no álbum A Peleja do Diabo com o Dono do Céu) foi usado como abertura da novela O Rei do Gado. Ele também lançou o álbum Eu Sou Todos Nós, seguido do Nação Nordestina, sendo que nesse último a música nordestina foi novamente explorada. O álbum foi indicado para o Latin GRAMMY Award de Melhor Álbum de Música Regional ou de Origem Brasileira.


Cidadão
Zé Ramalho



Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas prá ir, duas prá voltar
Hoje depois dele pronto
Olho prá cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou prá casa entristecido
Dá vontade de beber
E prá aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer...
Tá vendo aquele colégio moço
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem prá mim toda contente
"Pai vou me matricular"
Mas me diz um cidadão:
"Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar"
Essa dor doeu mais forte
Por que é que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer...
Tá vendo aquela igreja moço
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
"Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asa
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar"
Hié! Hié! Hié! Hié!
Hié! Oh! Oh! Oh!

sábado, 10 de setembro de 2011

Tom Jobim - Onde anda você

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu no Rio de Janeiro no dia 25 de janeiro de 1927 e faleceu em New York, no dia 08 de dezembro de 1994. Nascido no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, Tom mudou-se com a família no ano seguinte para Ipanema, onde foi criado. A ausência do pai, Jorge de Oliveira Jobim, durante a infância e adolescência lhe impôs um contido ressentimento, desenvolvendo no maestro uma profunda relação com a tristeza e o romantismo melódico, transferido peculiarmente para as construções harmônicas e melódicas. Aprendeu a tocar violão e piano em aulas, entre outros, com o professor alemão Hans-Joachim Koellreutter, introdutor da técnica dodecafônica no Brasil.

Um dos grandes fundadores da nova música popular brasileira e principal criador da bossa nova, que ele mesmo lançou no final dos cinqüenta, junto com João Gilberto, Vinicius de Moraes, Luis Bonfá. mais conhecido como Tom Jobim, foi um compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro. É considerado o maior expoente de todos os tempos da música brasileira pela revista Rolling Stone. É praticamente uma unanimidade entre críticos e público em termos de qualidade e sofisticação musical. É também o único artista Lusofóno na lista dos 500 melhores álbuns de sempre, de acordo com a revista Rolling Stone.

Grande arranjador e compositor, Jobim foi um dos mais importantes artistas produzido pela música popular brasileira, influenciando também o jazz (são importantes suas colaborações com Stan Getz durante a bossa nova), atraindo a atenção de um maestro como Gil Evans e colaborando com improvisadores como Harry Lookofsky, Joe Farrell e Ron Carter.

No dia 15 de outubro de 1949, Antônio Carlos Jobim casou-se com Thereza de Otero Hermanny (1985), com quem teve dois filhos, Paulo (n. 1950) e Elizabeth (1957). Em 30 de abril de 1986, ele casou-se com a fotógrafa e vocalista da Banda Nova, Ana Beatriz Lontra, que tinha a mesma idade de sua filha Elizabeth. Tom e sua segunda esposa tiveram dois filhos juntos, João Francisco (1979-1998) e Maria Luiza (1987).

Em 52, ao abandonar a Escola de Arquitetura, escolheu a música como área e vocação de trabalho, indo trabalhar na Continental Discos. Dois anos depois, obtém o seu primeiro sucesso, "Tereza da Praia", nas vozes de Dick Farney e Lúcio Alves. Em 1956 musicou a peça Orfeu da Conceição com Vinícius de Moraes, que se tornou um de seus parceiros mais constantes. Dessa peça fez bastante sucesso a canção antológica Se Todos Fossem Iguais a Você, gravada diversas vezes. Tom Jobim fez parte do núcleo embrionário da bossa nova. O LP Canção do Amor Demais (1958), em parceria com Vinícius, e interpretações de Elizeth Cardoso, foi acompanhado pelo violão de um baiano até então desconhecido, João Gilberto. A orquestração é considerada um marco inaugural da bossa nova, pela originalidade das melodias e harmonias. Inclui, entre outras, Canção do Amor Demais, Chega de Saudade e Eu Não Existo sem Você. A consolidação da bossa nova como estilo musical veio logo em seguida com o 78 rotações Chega de Saudade, interpretado por João Gilberto, lançado em 1959, com arranjos e direção musical de Tom, selou os rumos que a música popular brasileira tomaria dali para frente. No mesmo ano foi a vez de Sílvia Telles gravar Amor de Gente Moça, um disco com 12 canções de Tom, entre elas "Só em Teus Braços", "Dindi" (com Aloysio de Oliveira) e "A Felicidade" (com Vinícius).

Tom foi um dos destaques do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova York em 1962. No ano seguinte compôs, com Vinícius, um dos maiores sucessos e possivelmente a canção brasileira mais executada no exterior: "Garota de Ipanema". Nos anos de 1962 e 1963 a quantidade de "clássicos" produzidos por Tom é impressionante: "Samba do Avião", "Só Danço Samba" (com Vinícius), "Ela é Carioca" (com Vinícius), "O Morro Não Tem Vez", "Inútil Paisagem" (com Aloysio), "Vivo Sonhando". Nos Estados Unidos gravou discos (o primeiro individual foi The Composer of Desafinado, Plays, de 1965), participou de espetáculos e fundou sua própria editora, a Corcovado Music.

O sucesso fora do Brasil o fez voltar aos EUA em 1967 para gravar com um dos grandes mitos americanos, Frank Sinatra. O disco Francis Albert Sinatra e Antônio Carlos Jobim, com arranjos de Claus Ogerman, incluiu versões em inglês das canções de Tom ("The Girl From Ipanema", "How Insensitive", "Dindi", "Quiet Night of Quiet Stars") e composições americanas, como "I Concentrate On You", de Cole Porter. No fim dos anos 1960, depois de lançar o disco Wave (com a faixa-título, Triste, Lamento entre outras instrumentais), participou de festivais no Brasil, conquistando o primeiro lugar no III Festival Internacional da Canção (Rede Globo), com Sabiá, parceria com Chico Buarque, interpretado por Cynara e Cybele, do Quarteto em Cy. Sabiá conquistou o júri, mas não o público, que vaiou ostensivamente a interpretação diante dos constrangidos compositores.

Aprofundando seus estudos musicais, adquirindo influências de compositores eruditos, principalmente Villa-Lobos e Debussy, Tom Jobim prosseguiu gravando e compondo músicas vocais e instrumentais de rara inspiração, juntando harmonias do jazz (Stone Flower) e elementos tipicamente brasileiros, fruto de suas pesquisas sobre a cultura brasileira. É o caso de "Matita Perê" e "Urubu", lançados na década de 1970, que marcam a aliança entre sua sofisticação harmônica e sua qualidade de letrista. São desses dois discos Águas de Março, Ana Luiza, Lígia, Correnteza, O Boto, Ângela. Também nessa época grava discos com outros artistas, como Elis e Tom, com Elis Regina, Miúcha e Tom Jobim e Edu e Tom, com Edu Lobo.

Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura, cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We are the world, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985) abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.

Em 1987, lançou Passarim, obra de um compositor já consagrado, que pode desenvolver seu trabalho sem qualquer receio, acompanhado por uma banda grande, a Banda Nova. Além da faixa-título, Gabriela, Luiza, Chansong, Borzeguim e Anos Dourados (com Chico Buarque) são os destaques. Em 1992 foi enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Seu último álbum, Antônio Brasileiro, foi lançado em 1994, pouco antes da sua morte, em dezembro, de parada cardíaca, quando estava se recuperando de um câncer de bexiga no Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque.

Algumas biografias foram publicadas, entre elas Antônio Carlos Jobim, um Homem Iluminado, de sua irmã Helena Jobim, Antônio Carlos Jobim - Uma Biografia, de Sérgio Cabral, e Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tárik de Souza e Tessy Callado.

Antônio Carlos Jobim era doutor «honoris causa» pela Universidade Nova de Lisboa / Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, por volta de 1991.

O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro foi renomeado Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antônio Carlos Jobim ' junto ao Congresso Nacional por uma comissão de notáveis, formada por Chico Buarque, Oscar Niemeyer, João Ubaldo Ribeiro, Antônio Cândido, Antônio Houaiss e Edu Lobo, criada e pessoalmente coordenada pelo crítico Ricardo Cravo Albin.

Em 25 de janeiro de 2011, dia em que Tom Jobim completaria 84 anos

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Carlos_Jobim

http://www.e-biografias.net/biografias/antonio_jobim.php

http://www.sampa.art.br/biografias/tomjobim/

sábado, 30 de julho de 2011

Miltom Nascimento - Canção da América

Milton do Carmo Nascimento (Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1942) é um cantor e compositor brasileiro, reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos cantores e compositores da Música Popular Brasileira.

Mineiro de coração, tornou-se conhecido nacionalmente, quando a canção "Travessia", composta por ele e Fernando Brant, ocupou a segunda posição no Festival Internacional da Canção, de 1967. Tem como parceiros e músicos que regravaram suas canções, nomes como: Wayne Shorter, Pat Metheny, Peter Gabriel, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Elis Regina. Em 1998, ganhou o Grammy de Best World Music Album in 1997. Foi nomeado novamente para o Grammy em 1991 e 1995. Milton já se apresentou na América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e África.

Também conhecido pelo apelido de Bituca, nasceu no Rio de Janeiro, filho de Maria do Carmo Nascimento, uma empregada doméstica muito humilde, que foi mãe solteira. Tentou criar Milton, o registrou e o levou para a casa dos patrões, mas foi demitida e viu que não poderia criá-lo tamanha miséria a qual vivia. Sofrendo muito, entregou o filho para um casal rico criar. Milton, então, foi adotado. Sua mãe adotiva, Líliam Silva Campos, era professora de música. O pai adotivo, Josino Campos, era dono de uma estação de rádio. Mudou-se para Três Pontas, em Minas Gerais, antes dos dois anos e aos treze anos já cantava em festas e bailes da cidade.

Trajetória profissional

Gravou a primeira canção, Barulho de trem, em 1962. Em Três Pontas, integrava, ao lado de Wagner Tiso, o grupo W's Boys, que tocava em bailes. Mudou-se para Belo Horizonte para cursar Economia, onde, tocando em bares e clubes noturnos, começou a compor com mais frequência; datam dessa época as composições Novena e Gira Girou (1964), ambas com Márcio Borges.

Clube da Esquina

Na pensão onde foi morar na capital, no Edifício Levy, Milton conheceu os irmãos Borges, Marilton, Lô e Márcio. Dos encontros na esquina das Ruas Divinópolis com Paraisópolis surgiram os acordes e letras de canções como Cravo e Canela, Alunar, Para Lennon e McCartney, Trem azul, Nada será como antes, Estrelas, São Vicente e Cais. Aos meninos fãs do The Beatles e do The Platters vieram juntar-se Tavinho Moura, Flavio Venturini, Beto Guedes, Fernando Brant, Toninho Horta. Em 1972 a EMI gravou o primeiro LP, Clube da esquina, que era duplo e apresentava um grupo de jovens que chamou a atenção pelas composições engajadas, a miscelânea de sons e riqueza poética. O Clube da esquina escreveu um dos mais importantes capítulos da história da MPB. Chamou a atenção dos músicos brasileiros e estrangeiros, dada a sua ousadia artística e criatividade inovadora.

Quando do lançamento, a crítica especializada não teve a capacidade de entender o que estava acontecendo e fez comentários severos a respeito da obra. Pouco tempo depois o disco teve reconhecimento internacional e ganhou o prestígio merecido aqui no Brasil também. O álbum virou disco de cabeceira de músicos no mundo inteiro, tornando-se referência estilística e estética da música contemporânea, e levou Milton Nascimento a ser convidado por Wayne Shorter a gravar um disco com ele, em 1975. O disco chamava-se Native Dancer e serviu para projetar Milton de uma vez por todas no mercado norte-americano.

O cantor Milton Nascimento e o ex-governador do Distrito Federal, Rogério Rosso, conversam durante lançamento do selo e da moeda comemorativos dos 50 anos de Brasília (Valter Campanato/ABr).

Em 1966 Milton escreveu, em parceria com César Roldão Vieira, as músicas para a peça infantil "Viagem ao Faz de Conta" de Walter Quaglia. EM 1967, segundo o trecho da contracapa do disco Milton e Tamba Trio: Milton Nascimento entrou no estúdio acompanhado pelo 'Tamba Trio', no Rio de Janeiro, em 1967, para gravar seu primeiro disco. O encontro de 'Milton & Tamba' com os arranjos de Luizinho Eça fazem de 'Travessia' um álbum definitivo e eternamente moderno. No mesmo ano, a composição Canção do Sal foi gravada por Elis Regina. A convite do músico Eumir Deodato, gravou um LP nos Estados Unidos (Courage), onde se destacam Catavento e uma versão de Travessia chamada Bridges. Em 1970 realiza temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo com o conjunto Som Imaginário, destacando-se desse período Para Lennon e McCartney (1970, com Fernando Brant, Márcio Borges e Lo Borges) e Clube da Esquina. No disco Sentinela (1980), foi um grande sucesso a composição Canção da América. No ano seguinte, estourou a canção Caçador de Mim (uma composição de Luiz Carlos Sá e Sergio Magrão). Também participou e compôs a trilha sonora de filmes como Os Deuses e Os Mortos (1969, direção de Ruy Guerra), e Fitzcarraldo (1981, direção de Werner Herzog).

Entre outros sucessos, destacam-se Maria, Maria (1978, com Fernando Brant), e a interpretação de Coração de Estudante (Wagner Tiso), que se tornou o hino das Diretas Já (movimento sócio-político de reivindicação por eleições diretas, 1984) e dos funerais de Tancredo Neves (1985). Posteriormente, a Canção da América, que versa sobre a Amizade, foi o tema de fundo dos funerais de Ayrton Senna (1994).

O Grande Circo Místico

Originalmente idealizado para a montagem do ballet teatro do Balé Teatro Guaíra (Curitiba, 1982), o espetáculo O Grande Circo Místico foi lançado em 1983. Milton Nascimento integrou o grupo seleto de intérpretes da MPB que viajaram o país durante dois anos apresentando o projeto, um dos maiores e mais completos espetáculos teatrais já apresentados, para uma plateia de mais de 200 mil pessoas. Milton interpretou a canção Beatriz, composta pela dupla Chico Buarque e Edu Lobo. O espetáculo conta a história de amor entre um aristocrata e uma acrobata e a saga da família austríaca proprietária do Grande Circo Knie, que vagava pelo mundo nas primeiras décadas do século.

Nordeste já

Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura, cantou no coro da versão brasileira de We are the world, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste já (1985) abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d'água. Elogiado pela competência das interpretações individuais.

Estilo

O estilo musical de Milton pode ser classificado como Música Popular Brasileira, surgido de um desdobramento do movimento da bossa nova, com fortes influências desta, do jazz, do jazz-rock e de grandes expoentes do rock, como os Beatles, Bob Dylan e com pitadas tanto da música hispano-americana de Mercedes Sosa, Violeta Parra e Victor Jara, quanto dos sons caribenhos de Pablo Milanes e Silvio Rodrigues. Ao mesmo tempo, o estilo de Milton Nascimento não deixa de beber nas fontes regionais brasileiras, nos cantos folclóricos de Minas Gerais e de outros estados.

O estilo foi inaugurado com a inesquecível interpretação da canção Arrastão (Edu Lobo / Vinícius de Moraes), pela novata Elis Regina, na estreia do I Festival de Música Popular Brasileira. Até agora,Milton Nascimento já gravou trinta e quatro álbuns. Cantou com dúzias de outros artistas, incluindo Angra, Maria Bethânia, Elis Regina, Gal Costa, Jorge Ben Jor, Caetano Veloso, Simone, Chico Buarque, Clementina de Jesus, Gilberto Gil, Beto Guedes, Paul Simon, Peter Gabriel (com quem co-escreveu a música Breath after Breath do Duran Duran), Herbie Hancock, Quincy Jones e Jon Anderson. Elegeu Elis Regina como a grande musa inspiradora para quem compôs inúmeras canções. A filha de Elis, Maria Rita, teve sua carreira catapultada pelo padrinho Milton Nascimento com a participação no álbum Pietá, cantando as faixas Voa Bicho, Vozes do Vento e Tristesse.

"Sou fascinado pela minha família, acho que eu não poderia ter tido mais amor, educação e liberdade em nenhuma outra família no mundo. Eles moldaram a minha vida. Meu primeiro instrumento foi uma harmônica dada pela minha avó. Ela me deu um acordeão, e foi aí que minha vida musical começou"

Em 2010 Milton Nascimento foi o homenageado do Festival Internacional de Corais (FIC) de Belo Horizonte. No encerramento do festival Milton esteve presente e recebeu uma homenagem de mais de mil vozes que cantaram uma composição de Fernando Brant e Leonardo Cunha "A Voz Coral" feita especialmente para o homenageado.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Milton_Nascimento

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Chico Buarque de Holanda & Fernanda Porto - Roda viva


Chico Buarque de Holanda
(Compositor e escritor brasileiro)
19/7/1944, Rio de Janeiro (RJ)

"O meu pai era paulista/ Meu avô, pernambucano/ O meu bisavô, mineiro/ Meu tataravô, baiano/ Meu maestro soberano/ Foi Antonio Brasileiro."

Esses são os primeiros versos da canção "Paratodos", gravada por Chico Buarque em 1993. Nela, celebrando seus ascendentes familiares e seu padrinho musical (Tom Jobim, o "Antonio Brasileiro"), Chico presta uma homenagem a todos os brasileiros.

Nascido numa família de intelectuais (o pai foi o historiador e sociólogo Sergio Buarque de Holanda), Francisco Buarque de Holanda mudou-se ainda criança do Rio para São Paulo. Na capital paulista, fez os estudos primários e secundários no Colégio Santa Cruz, onde se apresentou pela primeira vez num palco, com "Canção dos Olhos", uma composição sua.

Em 1946, passou a morar em São Paulo, onde o pai assumira a direção do Museu do Ipiranga. Sempre revelou interesses pela música – interesse que foi bastante reforçado pela convivência com intelectuais como Vinicius de Moraes e Paulo Vanzolini

De volta ao Brasil, produz suas primeiras crônicas no jornal Verbômidas, do Colégio Santa Cruz de São Paulo, nome criado por ele. Sua primeira aparição na imprensa não foi cultural, mas policial, publicada, no jornal Última Hora, de São Paulo. Com um amigo, furtou um carro para passear pela madrugada paulista, algo relativamente comum na época.[5] Foi preso. "Pivetes furtaram um carro: presos" foi a manchete no dia seguinte com uma a foto de dois menores com tarjas pretas nos olhos. Chico não pôde mais sair sozinho à noite até que completasse 18 anos

Em 1953, Sérgio Buarque de Holanda foi convidado para lecionar na Universidade de Roma, consequentemente, a família muda-se para a Itália. Chico torna-se trilíngue, na escola fala inglês, e nas ruas, italiano. Nessa época, suas primeiras "marchinhas de carnaval" são compostas, e, com as irmãs mais novas, Piiizinha, Cristina e Ana, encenadas

Em 1963, ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (que cursaria só até o terceiro ano). No ano seguinte, inscreveu-se no festival promovido pela TV Excelsior (São Paulo) com "Sonho de um Carnaval", cantada por Geraldo Vandré. Começou a ficar conhecido, passando a apresentar-se no Teatro Paramount. Ainda em 1964, participou do programa "O Fino da Bossa", comandado pela cantora Elis Regina.

Sua primeira gravação, de 1965, foi o compacto "Olé Olá". A consagração, no entanto, viria com o festival de MPB da TV Record (São Paulo). Chico concorreu com a marcha "A Banda", que foi interpretada por Nara Leão e venceu o festival (junto com "Disparada", de Geraldo Vandré). Chico ganhou projeção nacional, e sua carreira tomou impulso.

Conheceu Elis Regina, que havia vencido o Festival de Música Popular Brasileira (1965) com a canção Arrastão, mas a cantora acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez do compositor. Chico Buarque revelou-se ao público brasileiro quando ganhou o mesmo Festival, no ano seguinte (1966), transmitido pela TV Record, com A Banda, interpretada por Nara Leão (empatou em primeiro lugar com Disparada, de Geraldo Vandré e interpretado por Jair Rodrigues ). No entanto, Zuza Homem de Mello, no livro A Era dos Festivais: Uma Parábola, revelou que "A Banda" venceu o festival. O musicólogo preservou por décadas as folhas de votação do festival. Nelas, consta que a música "A Banda" ganhou a competição por 7 a 5. Chico, ao perceber que ganharia, foi até o presidente da comissão e disse não aceitar a derrota de Disparada. Caso isso acontecesse, iria na mesma hora entregar o prêmio ao concorrente.

No dia 10 de outubro de 1966, data da final, iniciou o processo que designaria Chico Buarque como unanimidade nacional, alcunha criada por Millôr Fernandes.

Canções como Ela e sua Janela, de 1966, começam a demonstrar a face lírica do compositor. Com a observação da sociedade, como nas diversas vezes em que citação do vocábulo janela está presente em suas primeiras canções: Juca, Januária, Carolina, A Banda e Madalena foi pro Mar. As influências de Noel Rosa podem ser notadas em A Rita, 1965, citado na letra, e Ismael Silva, como em marchas-ranchos.

Ameaçado pelo Regime Militar no Brasil, esteve auto-exilado na Itália em 1969, onde chegou a fazer espetáculos com Toquinho. Nessa época teve suas canções Apesar de você (que dizem ser uma alusão negativa ao presidente Emílio Garrastazu Médici, mas que Chico sustenta ser em referência à situação) e Cálice proibidas pela censura brasileira. Adotou o pseudônimo de Julinho da Adelaide, com o qual compôs apenas três canções: Milagre Brasileiro, Acorda amor e Jorge Maravilha. Na Itália Chico tornou-se amigo do cantor Lucio Dalla, de quem fez a belíssima Minha História, versão em português (1970) da canção Gesù Bambino (título verdadeiro 4 marzo 1943), de Lucio Dalla e Paola Palotino. Em viagem a França, tornou-se amigo de Carlos Bandeirense Mirandópolis inspirando-se em uma de suas composições para criar Samba de Orly.

Ao voltar ao Brasil continuou com composições que denunciavam aspectos sociais, econômicos e culturais, como a célebre Construção ou a divertida Partido Alto. Apresentou-se com Caetano Veloso (que também foi exilado, mas na Inglaterra) e Maria Bethânia. Teve outra de suas músicas associada a críticas a um presidente do Brasil. Julinho da Adelaide, aliás, não era só um pseudônimo, mas sim a forma que o compositor encontrou para driblar a censura, então implacável ao perceber seu nome nos créditos de uma música. Para completar a farsa e dar-lhe ares de veracidade, Julinho da Adelaide chegou a ter cédula de identidade e até mesmo a conceder entrevista a um jornal da época.

Uma das canções de Chico Buarque que criticam a ditadura é uma carta em forma de música, uma carta musicada que ele fez em homenagem ao Augusto Boal, que vivia no exílio, quando o Brasil ainda vivia sob a ditadura militar.

A canção se chama Meu Caro Amigo e foi dirigida a Boal, que na época estava exilado em Lisboa. A canção foi lançada originalmente num disco de título quase igual, chamado Meus Caros Amigos, do ano de 1976.

Casou-se e separou-se da atriz Marieta Severo, com quem teve três filhas: Sílvia, que é atriz e casada com Chico Diaz, Helena, casada com o percussionista Carlinhos Brown e Luísa. É irmão das cantoras Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina. Ao contrário do que tem sido propagado na internet, Aurélio Buarque era apenas um primo distante do pai de Chico

Ali nasceu a primeira filha, Sílvia (viriam ainda Helena e Luisa).

Voltou para o Brasil em 1970 e lançou o álbum "Construção" no ano seguinte. Em 1972, foi ator em "Quando o Carnaval Chegar", filme de Cacá Diegues para o qual havia composto várias músicas. Chico Buarque ainda faria a trilha sonora do filme "Vai Trabalhar, Vagabundo", dirigido pelo ator Hugo Carvana em 1973.

Também em 1973, em parceria com o dramaturgo Ruy Guerra, escreveu o texto e as músicas da peça "Calabar, o Elogio da Traição". A peça foi proibida, embora algumas canções tivessem sido gravadas em disco. Em 1974, Chico lançou o álbum "Sinal Fechado", interpretando músicas de outros compositores, e iniciou nova carreira, como escritor, publicando a novela "Fazenda Modelo". No ano seguinte, escreveu com o dramaturgo Paulo Pontes a peça "Gota d'Água".

Em 1975, Chico lançou o disco "Os Saltimbancos", uma fábula musical que ele traduziu e adaptou do italiano "I Musicanti", de Luiz Enriquez e Sergio Bardotti. As canções foram grande sucesso e serviram para a montagem teatral "Os Saltimbancos".

Três anos depois, Chico escreveu e compôs as canções da "Ópera do Malandro", peça com a qual ganhou o Prêmio Molière de melhor autor teatral de 1978.

Em 1979, publicou "O Chapeuzinho Amarelo", um livro infantil. Em 1992, viria o primeiro romance, "Estorvo" e, em 1995, o segundo, "Benjamin". Chico foi se afastando progressivamente da música para dedicar à literatura, e em 2003 publicou "Budapeste", romance que se tornou sucesso de público e crítica.


http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_494.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Chico_Buarque